Eu posso falar do T […] Ele tinha asma. Eu trabalhava muito com a porta aberta, era mais livre. […] Ele era muito pouco comunicativo, parecia que não estava a fazer nada. Uma vez ele tinha partido quatro termos - os termos que os meninos traziam para o almoço. E eu fui obrigada a ir comprar comida. Ele chegava e eu via as educadoras todas a irem embora porque ele começava a morder as crianças e eu a correr atrás dele para o apanhar. […] Ele partiu várias cabeças de crianças, muito mais velhas, porque mandava pedras. Depois eu falava com ele e ele ficava sem olhar para mim. [Um dia] ele levou um coelho para a sala. Eu tive o coelho na sala. [Mas um dia], o único dia em que eu faltei [ele matou o coelho]. […] Num dia de chuva, ele já tinha ido lá fora dez vezes […] eu cheguei ao pé dele, e a chuva a cair por cima de mim e dele, agarrei-o pelo braço, entre o desespero e alguma assertividade, e disse: “Eu estou cansada e não sei o que fazer contigo”. Ele ficou a chorar agarrado a mim e eu a chorar, com a chuva, agarrada a ele. […] E, no outro dia, entrei, ele estava a olhar na sala e disse-me “Olá.”. Eu acho que ele estava há muito tempo a querer que eu fosse mais assertiva com ele e eu não estava a ser. Portanto, ele ia de problema em problema. […] Passados quatro anos eu fui ao C. M. Ele morava ao pé do C.M., numa casa de venda de produtos, de materiais. Alguém lá de dentro perguntou: “está aqui alguma M.T?. Eu disse: “Sou eu.” Era a mãe dele e ele estava à porta. Ele estava no quinto ano. Eu aproximei-me do T. e as lágrimas caíam pela cara do menino. Ainda hoje me emociono! Abracei-me a ele e disse: “Então T, estás bom? Estás tão bonito e tão grande!”. Ele continuava a abraçar-me.